"ADÃO NA PRAIA"

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Trata-se de um quadro negro onde surge, quase imperceptível, a figura de uma pessoa obesa, de biquíni com lantejoulas, desaparecida na escuridão que a envolve, como num jogo de sombras. Está na praia; as ondas desenham-se com traços delicados e, aos seus pés, um flutuador sugere a vontade de se divertir. A figura poderia ser um homem, uma mulher ou uma criança; no fundo, é simplesmente uma pessoa.

Este retrato representa quem não se enquadra nos “padrões” corporais, quem não segue as normas de aparência, de género, de gostos ou de opinião — e que muitas vezes não é reconhecido, nem visto. Pessoas que raramente aparecem em espaços de prazer —como as praias—, onde a sociedade dita que corpos podem ser visíveis. Por isso, a figura quase não se vê. Preferimos não ver, não aceitar.

O preto, que habitualmente simboliza a ausência ou o vazio, aqui transforma-se. Enche o espaço e traz presença, porque quando estas pessoas aparecem —nas praias, nas ruas, nas casas—, na verdade preenchem todos os espaços. Os olhares dos outros apontam-nas, julgam-nas, e assim a sua presença torna-se impossível de ignorar.

DETALHES

• Pintada à mão
• Acrílico sobre tela
• 140 x 180 cm
• Sem moldura
• Obra assinada 
  

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